Interpretação da espirometria: Um guia simples

A espirometria é um método comum usado para avaliar a função pulmonar. Pode ajudar a diferenciar e diagnosticar doenças pulmonares obstrutivas e restritivas, monitorar a progressão da doença e avaliar a eficácia do plano de tratamento atual.

Introdução à interpretação dos resultados da espirometria #

A interpretação dos resultados da espirometria depende do esforço do paciente. É essencial fornecer instruções visuais antes do teste e orientações verbais durante toda a manobra para obter o esforço máximo.¹
O incentivo verbal não deve ser subestimado — ele faz uma grande diferença, especialmente no final da manobra.

Problemas comuns relacionados a baixo esforço do paciente incluem:

• Inalação submáxima
• Pequena hesitação ao iniciar a expiração
• Tosse no primeiro segundo
• Incapacidade de exalar completamente
• Velocidade de exalação reduzida devido a obstrução do bocal pela língua, dentes ou mordida²

Para obter uma leitura precisa, as diretrizes da American Thoracic Society (ATS) e da European Respiratory Society (ERS)³ recomendam que o teste contenha pelo menos três manobras aceitáveis. Uma manobra correta inclui:

• O volume extrapolado para trás (BEV) deve ser <5% da CVF ou 0,100 L, o que for maior
• Inspiração e expiração máximas
• Sem tosse, inspirações durante a curva ou vazamentos visíveis

Para atingir o Fim da Expiração Forçada (EOFE), um dos seguintes três critérios deve ser cumprido:

• Mudança de volume inferior a 0,025 L por pelo menos 1 segundo (um “platô”). Este é o indicador mais confiável de expiração completa
• O paciente atinge um tempo expiratório forçado (FET) de 15 segundos
• O paciente não consegue exalar por tempo suficiente para alcançar um platô (ex.: crianças com alto recuo elástico ou pacientes com doenças restritivas). Nesses casos, é importante que o paciente atinja o mesmo valor de CVF

Não há exigência de um tempo expiratório forçado mínimo.

Uma medida precisa também deve ter resultados consistentes (reprodutíveis) tanto para a CVF quanto para o VEF1. Para que o teste seja considerado repetível, a diferença entre os maiores e os segundos maiores valores de CVF e VEF1 deve ser inferior a 0,15 litro (150 ml). Até oito manobras adicionais podem ser tentadas para atender aos critérios de validação.

A tabela abaixo representa o sistema de classificação ATS/ERS 2019, considerando aceitabilidade e repetibilidade.⁴

Testes e parâmetros espirométricos comuns #

Os parâmetros normais variam entre as pessoas e dependem de:

• Idade
• Altura
• Raça
• Sexo

Um valor é considerado “normal” se for ≥80% do valor previsto com base nesses critérios.

A capacidade vital forçada (CVF) é o volume máximo de ar que um paciente consegue exalar após inspirar profundamente, o mais rápido e forte possível. Um valor de CVF baixo pode ocorrer quando o paciente não consegue inspirar profundamente ou exalar completamente. Um resultado anormal de CVF pode estar relacionado a doença obstrutiva ou restritiva, por isso outros parâmetros devem ser avaliados em conjunto.

O volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) é o volume de ar que o paciente consegue expirar no primeiro segundo, e ajuda a avaliar a gravidade da doença. Um VEF1 abaixo do normal pode indicar obstrução.

alores previstos para o VEF1:

• ≥80%: normal
• 70–79%: levemente anormal
• 60–69%: moderadamente anormal
• 50–59%: moderado a gravemente anormal
• 35–49%: gravemente anormal
• <35%: muito gravemente anormal⁵

A relação VEF1/CVF (VEF1%) ajuda a diferenciar doença pulmonar restritiva de obstrutiva. Ela indica a porcentagem da capacidade pulmonar que é exalada no primeiro segundo.

Classificação de qualidade e interpretação dos resultados #

Medir apenas o VEF1 ou a CVF isoladamente não permite avaliar se o paciente apresenta um defeito pulmonar obstrutivo ou restritivo. A relação VEF1/CVF é necessária para determinar qual problema está presente. Um paciente com doença obstrutiva não consegue atingir um VEF1 normal em relação à CVF. Em contraste, um paciente com doença restritiva não consegue atingir uma CVF adequada, mas o VEF1 será normal ou ligeiramente elevado.

Obstrução #

Quando a relação VEF1/CVF é menor que o limite inferior normal, pode indicar obstrução. Pacientes com doenças obstrutivas não conseguem exalar volumes adequados de ar devido à redução do diâmetro das vias aéreas, geralmente causada por inflamação, acúmulo de muco ou contração do músculo liso.

Parâmetros obstrutivos incluem:

• VEF1 reduzido
• CV normal ou reduzida
• CVF normal ou reduzida
• Relação VEF1/CVF reduzida
• Curva fluxo-volume com formato côncavo

Doenças obstrutivas comuns: asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose cística.

Restrição #

Uma CVF reduzida com relação VEF1/CVF normal ou aumentada pode indicar restrição. Pacientes com doença restritiva não conseguem expandir totalmente os pulmões.

Parâmetros restritivos incluem:

• CVF reduzida
• Relação VEF1/CVF normal ou alta
• Curva espirométrica com formato normal
• Pico de fluxo expiratório (PFE) possivelmente elevado

Doenças restritivas comuns: fibrose pulmonar idiopática, doenças neuromusculares, edema pulmonar, sarcoidose.

Conclusão #

A espirometria é uma medida fundamental para avaliar, diagnosticar e monitorar doenças pulmonares. Obter medições precisas é essencial para um diagnóstico correto, permitindo um melhor manejo da doença e melhores resultados para o paciente.

Aviso:

A ndd Medical Technologies é um fabricante de dispositivos médicos e não oferece aconselhamento médico.

Este conteúdo tem finalidade informativa apenas. Sempre consulte um médico ou profissional de saúde qualificado para dúvidas sobre seus resultados de espirometria.

Escrito por

• 

  Allison DeMajistre

  BSN, RN, CCRN

  Allison DeMajistre is a freelance medical writer with a decade of clinical experience as a critical care registered nurse. She writes about cardiology, pulmonology, and several other medical topics. She strives to simplify complex medical information for patients and to write insightful and informative articles for health care professionals.