Um guia simples para entender os resultados da espirometria – Dicas do Buddy

Publicado originalmente em inglês em 11 de abril de 2025
Olá! Aqui é o Buddy novamente! Hoje vamos falar sobre como interpretar os resultados da espirometria. A espirometria, como você deve saber, é uma ferramenta poderosa para diagnosticar e monitorar doenças respiratórias, especialmente a asma e a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).
Noções básicas de espirometria #
Na última vez, discutimos a importância de um bom treinamento para obter resultados de espirometria precisos e confiáveis. A espirometria pode ser desafiadora para os pacientes. Queremos garantir que tenhamos resultados aceitáveis já na primeira tentativa. Como lembrete, posso ajudar com isso — como treinador de espirometria, ajudo a criar uma boa relação, fornecer instruções claras, demonstrar a técnica correta e incentivar os pacientes para que se sintam confortáveis e deem o seu melhor.
Agora que já falamos sobre algumas dicas para realizar a espirometria, vamos conhecer alguns termos comuns.
- VEF1: Volume expiratório forçado no primeiro segundo.
- CVF: Capacidade vital forçada. É a quantidade total de ar exalado durante o teste de espirometria.
- Relação VEF1/CVF: Um indicador-chave de obstrução das vias aéreas. Geralmente representado como um número decimal.
- Percentual previsto (%): Resultados do paciente comparados com valores de referência baseados em sua altura, idade, etnia e sexo biológico, expressos como porcentagem.1
Dicas para a espirometria #
Existem alguns erros comuns que ocorrem durante a espirometria. Vamos falar sobre eles e como resolvê-los.
Para começar, instrua o paciente a iniciar o teste com a maior inspiração possível para encher completamente os pulmões — essa inalação completa é essencial — seguida por uma expiração explosiva, o mais forte e rápido possível.
Os pacientes não devem reduzir ou interromper o fluxo de ar nos primeiros segundos de expiração. Para evitar isso, verifique a postura do paciente e incentive-o a continuar soprando até que os pulmões estejam completamente vazios e não haja mais ar saindo — eu, Buddy, posso ajudar você e seus pacientes a saberem quando chegaram ao fim!
Para obter uma manobra aceitável de espirometria, é fundamental que o teste não seja interrompido. Isso inclui garantir que o paciente não tussa durante o teste. Caso isso ocorra — ou para evitar que ocorra — incentive o paciente a beber água.
Outro ponto importante é garantir que não haja vazamentos de ar, pois até pequenos vazamentos podem afetar a precisão dos resultados. Certifique-se de que o paciente sele bem os lábios ao redor do bocal e utilize um clipe nasal para impedir que o ar escape pelo nariz. Isso ajuda a garantir que todo o ar exalado seja corretamente medido para obter os resultados mais precisos.
Os pacientes devem realizar pelo menos três manobras aceitáveis e reprodutíveis para garantir que haja dados suficientes para uma avaliação confiável.
Resultados anormais da espirometria #
O principal objetivo da espirometria é avaliar se o paciente apresenta obstrução ou restrição e em que grau.
As doenças pulmonares obstrutivas, como DPOC, asma e fibrose cística, são caracterizadas por fluxo de ar reduzido e diminuição do diâmetro das vias aéreas, o que pode ser causado por inflamação, muco ou contração da musculatura lisa (geralmente na asma). Isso normalmente aparece na espirometria como uma redução na relação VEF1/CVF. Quanto menor o valor, mais significativa é a obstrução. Essa relação costuma ser reduzida (embora nem sempre) porque o VEF1 está abaixo do esperado para o perfil do paciente.
Padrões restritivos, por outro lado, podem ocorrer devido a fibrose pulmonar, edema pulmonar, insuficiência cardíaca e obesidade. Doenças pulmonares restritivas são raras e resultam em redução do volume pulmonar. Na espirometria, isso aparece como CVF e CV reduzidas. As limitações de fluxo (relação VEF1/CVF) geralmente não são afetadas e, em alguns casos, podem até estar ligeiramente elevadas.
Guia passo a passo para interpretar os resultados da espirometria #
Agora que já discutimos algumas noções básicas e os resultados da espirometria, vamos falar sobre como interpretar esses resultados. Para isso, seguimos quatro etapas, cada uma descrita a seguir:
Etapa 1: Verificar a qualidade do teste
Etapa 2: Avaliar o VEF1 e a CVF em comparação com a função pulmonar normal usando o Z-Score
Etapa 3: Verificar a relação VEF1/CVF
Etapa 4: Avaliar a reversibilidade caso tenha sido utilizado um broncodilatador
Etapa 1: Verificar a qualidade do teste #
A qualidade do teste deve ser avaliada de acordo com as diretrizes da American Thoracic Society (ATS) e da European Respiratory Society (ERS).2 Ou seja, verificar se a espirometria foi realizada de forma aceitável e reprodutível.
Embora o ideal seja obter uma nota A ou B em aceitabilidade e repetibilidade, os médicos ainda podem obter insights valiosos de outras classificações, desde que interpretem os resultados com a devida cautela.
Figura 1: Sistema de classificação para VEF1 e CVF
Etapa 2: Avaliar VEF1 e CVF em relação à função pulmonar normal usando escore-z #
Depois de verificar a qualidade do teste de função pulmonar (PFT), é hora de analisar os valores de VEF1 e CVF do paciente com base no escore-z.
Antes de 2021, os valores de VEF1 e CVF do paciente eram comparados com o percentual previsto para avaliar a gravidade da doença pulmonar. Em 2021, as diretrizes da ATS/ERS foram atualizadas para utilizar o escore-z.3 Os valores estão abaixo. O escore-z permite ao profissional de saúde avaliar quão distante a função observada do paciente está da população normal em desvios-padrão. Esse método é mais consistente entre faixas etárias e sexos do que o percentual previsto.34
Valores de escore-z para avaliar a gravidade da doença pulmonar:
- Leve: –1,65 a –2,5
- Moderada: –2,51 a –4,0
- Grave: < –4
Etapa 3: Verificar a relação VEF1/CVF #
Depois de avaliar os valores previstos de VEF1 e CVF, o próximo passo é verificar a relação VEF1/CVF para identificar obstrução, restrição ou ambos.
A maior parte disso já foi discutida acima, mas aqui está um guia útil com características gerais para identificação. Esses pontos de corte são úteis, mas as diretrizes da ATS/ERS ressaltam que há um grau de incerteza envolvido.3
Função pulmonar normal: VEF1 e CVF acima de 80% previsto; relação VEF1/CVF acima de 0,7
Doença pulmonar obstrutiva: VEF1 abaixo de 80% previsto; CVF pode ser normal ou reduzida, mas geralmente menos que o VEF1; relação VEF1/CVF abaixo de 0,7
Doença pulmonar restritiva: VEF1 normal ou levemente reduzido; CVF abaixo de 80% previsto; relação VEF1/CVF normal, geralmente acima de 0,7
Etapa 4: Avaliar a reversibilidade se broncodilatador foi utilizado #
Como os broncodilatadores são frequentemente usados para tratar condições pulmonares, também é útil avaliar o quanto o broncodilatador melhora a função pulmonar. Para isso, recomenda-se que o paciente realize o teste de espirometria antes e depois do uso do broncodilatador.
No caso de pacientes que apresentam melhora no VEF1 e/ou na CVF com o uso do broncodilatador, é importante enfatizar que “reversibilidade” não significa eliminação total da obstrução,2 mas sim que a obstrução das vias aéreas pode ser reversível.
Em 2021, a ATS/ERS publicou orientações atualizadas definindo como resposta positiva ao broncodilatador uma alteração de 10% ou mais em relação ao valor previsto.3
Conclusão #
A espirometria é essencial no manejo de doenças pulmonares, por isso é fundamental garantir que os pacientes obtenham os melhores resultados possíveis ao realizar o teste de função pulmonar. Também é essencial que a clínica que realiza o teste saiba como interpretar corretamente os resultados.
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* Aviso legal: As informações fornecidas neste guia são apenas para fins informativos e não se destinam a fornecer aconselhamento médico. Não somos profissionais de saúde e não oferecemos diagnósticos ou recomendações de tratamento. Este guia tem como objetivo apoiar a compreensão dos resultados da espirometria e não deve substituir o julgamento médico profissional.
Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD). SPIROMETRY FOR HEALTH CARE PROVIDERS. 2017;7(1):4. ↩︎
Graham BL, Steenbruggen I, Miller MR, et al. Standardization of Spirometry 2019 Update. An Official American Thoracic Society and European Respiratory Society Technical Statement. Am J Respir Crit Care Med. 2019;200(8):e70-e88. doi:10.1164/rccm.201908-1590ST ↩︎ ↩︎
Stanojevic S, Kaminsky DA, Miller MR, et al. ERS/ATS technical standard on interpretive strategies for routine lung function tests. Eur Respir J. 2022;60(1). doi:10.1183/13993003.01499-202 ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎
Miller MR, Cooper BG. Reduction in T LCO and survival in a clinical population. Eur Respir J. 2021;58(5):2002046. doi:10.1183/13993003.02046-2020 ↩︎